Rodrigo Cavaca frisa impacto de liderar pelo exemplo no Jiu-Jitsu
- Juno Jo

- Mar 19, 2024
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Líder da Zenith e multicampeão no Jiu-Jitsu, Rodrigo Cavaca visitou a Alliance Rio no último sábado e aproveitou a vinda ao Rio de Janeiro para treinar com os amigos. Após o treino, Cavaca conversou com a Almada Fight Media e abordou diversos tópicos, desde a importância de um legado à falta de profissionalização dos professores de Jiu-Jitsu.
O faixa-preta foi um dos principais atletas de sua geração e hoje é uma referência como empreendedor no Jiu-Jitsu. Além disso, é um líder de sucesso e prosperou mediante as experiências que adquiriu ao longo de sua vida.
Cavaca destaca a conexão por meio da semelhança
Em entrevista à AFM, Cavaca comentou a importância de andar com semelhantes, mas evoluir com as diferenças.
“Sou muito frasista e tenho algumas frases que carrego comigo. Uma delas diz que ‘pessoas boas atraem pessoas boas’, é a que considero a minha principal frase. Essa frase significa nada mais do que grupos de pessoas semelhantes se atraem. Pessoas com as mesmas características se atraem. Mas não existem pessoas idênticas, existem pessoas com grandes semelhanças que se conectam através disso, mas têm muitas diferenças mesmo assim. Porém, quando estou conectado com alguém que eu gosto e que consigo interagir, começo a prestar atenção no que ela tem de diferente em relação a mim”, contou Cavaca.

Professor exalta os faixas-pretas disfarçados
O líder da Zenith reiterou a necessidade de ouvir todos que estão no tatame, pois, de acordo com ele, todos têm algo de bom a oferecer e são faixas-pretas em alguma área da vida.
“Por uma cultura da arte marcial em que o faixa-preta é o dono, o chefe e o cara que manda, a gente acaba não permitindo as pessoas menos graduadas a falarem. E as pessoas menos graduadas, devido a um respeito excessivo imposto pelo medo, acabam não falando algo que nos faria evoluir. Não somos faixas-preta na vida, somos faixas-pretas de Jiu-Jitsu. Então, ao nosso lado, existem faixas-pretas de diversos pontos da vida. Há ótimos profissionais que estão disfarçados com uma faixa-branca no tatame, mas muitas vezes o faixa-preta não permite que ele fale. Então, esse foi um dos aprendizados com as cabeçadas que eu dei na vida. Mas interpretei antes do meu tempo acabar”, explicou o professor.
Rodrigo Cavaca e o legado no Jiu-Jitsu
Cavaca foi um lutador do primeiro escalão em seus tempos áureos e foi campeão mundial na faixa-preta. Contudo, ele ressaltou que a medalha é passageira. Por isso, é imprescindível construir um legado pelo exemplo.
“Eu também pensei só em medalha, é uma fase da nossa vida. Porém, chega um momento que a gente precisa entender que a medalha vai ficar para trás. Como disse no começo do treino, as minhas medalhas se deterioraram com o tempo porque eu fui campeão um dia. Hoje não sou mais campeão de campeonato. Hoje procuro ser um campeão como cidadão, artista marcial e exemplo para a sociedade porque pessoas vão seguir esse bom exemplo. Isso sem eu precisar abrir a boca para direcionar. Além disso, você consegue ter um alcance maior se destacando pelos valores do que com uma simples medalha. Porque a medalha coloca as pessoas para te ouvirem devido às habilidades técnicas em conjunto com a força física. No entanto, um dia sua força vai acabar e pessoas mais fortes do que você vão te dominar. Então, você vai perder seu respeito se não virar a chave e entender que o aprendizado da vida é trazer informação e replicá-las para quem está vindo. É tipo morrer, mas não morrer. Porque o que você plantou continuará vivo para sempre”, afirmou o faixa-preta.

Amadorismo na gestão de academias
Rodrigo Cavaca evidenciou a falta de profissionalismo dos professores de Jiu-Jitsu e apontou o amadorismo na forma que estes administram as equipes.
“Esse é um ciclo que precisamos quebrar porque a cultura do Jiu-Jitsu é muito errada. Muitos acham absurdo o que falo, mas digo que se você quiser ter uma academia de sucesso, basta visitar dez academias no Brasil, criar um roteiro e fazer tudo ao contrário. Existe muito amadorismo porque as pessoas têm medo de quebrar o ciclo. Quem é o professor? É o aluno que ganhou medalha, deram a faixa a ele e se achou no direito de abrir uma academia e dar aula. Então, ele vai dar aula igual àquele que não sabia dar aula e o graduou faixa-preta. Dessa forma, ele se denominou professor porque foi um campeão. Assim, ele vai repetir o mesmo processo e vira um ciclo vicioso. Você sabe porque o Jiu-Jitsu é a maior arte marcial do mundo? Porque é a mais amadora do planeta. As equipes surgem a partir da insatisfação dos alunos e pela falta de uma liderança profissional. De uma equipe, se formam três, quatro e assim por diante”, concluiu Cavaca.
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